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A Morte, esse Lugar-Comum

A Morte, esse Lugar-Comum É trivial a morte e há muito se sabe  fazer- e muito a tempo!- o trivial. Se não fui eu quem veio no jornal, foi uma tosse a menos na cidade... A caminho do verme, uma beldade - não dirias assim, Gomes Leal?- vai ser coberta pela mesma cal  que tapa a mais intensa fealdade. Um crocitar de corvo fica bem neste anúncio de morte para alguém que não vê n'alheia sorte a própria sorte... Mas por que não dizer, com maior nojo, que um menino saiu do imenso bojo de sua mãe, para esperar a morte?... Alexandre O'Neill, '' Abandono Vigiado '' Poema retirado: http://www.citador.pt/poemas/a-morte-esse-lugarcomum-alexandre-oneill Imagem retirada: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirJs0AwK4KlMj2hQTKBrWcy1iOGNkyv3ap7w0Cu2Zl0Ocwa764CDW2UUHwsS7d8_19KrznnOLN5_N_jXsIoLOGVBFaCgCV5br6n-C8iVxvJsux66LJGGLY5BiTACRUrsZxrrDB1pTrJ5g/s320/s340x255.jpg
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O Amor é o Amor

O Amor é o Amor O amor é o amor- e depois?! Vamos ficar os dois a imaginar, a imaginar?... O meu peito contra o teu peito, cortando o mar, cortando o ar. Num leito há todo espaço para amar! Na nossa carne estamos sem destino, sem medo, sem pudor e trocamos- somos um? somos dois? espírito e calor! O amor é o amor- e depois? Alexandre O'Neill, '' Abandono Vigiado '' Poema retirado: http://www.citador.pt/poemas/o-amor-e-o-amor-alexandre-oneill Imagem retirada: http://arlindo-correia.com/O-Neill-1.jpg

O Poema Pouco Original do Medo

O Poema Pouco Original do Medo  O medo vai ter tudo pernas ambulâncias e o luxo blindado de alguns automóveis Vai ter olhos onde ninguém os veja mãozinhas cautelosas enredos quase inocentes ouvidos não só nas paredes mas também no chão no tecto no murmúrio dos esgotos e talvez até (cautela!)   ouvidos nos teus ouvidos O medo vai ter tudo fantasmas na ópera sessões contínuas de espiritismo milagres cortejos frases corajosas meninas exemplares seguras casas de penhor maliciosas casas de passe conferências várias congressos muitos óptimos empregos poemas originais e poemas como este projectos altamente porcos heróis (o medo vai ter heróis!) costureiras reais e irreais operários               (assim assim) escriturários        (muitos) intelectuais                   (o que se sabe) a tua voz tal...

Locais importantes para O'Neill

Desde o sítio onde nasceu, até onde começou o movimento surrealista em Portugal e onde viveu depois do seu segundo divórcio, estes são alguns dos locais mais importantes na vida de Alexandre O'Neill. Avenida Fontes Pereira de Melo- Local do seu nascimento; Rua da Escola Politécnica, Lisboa- Local onde residiu durante grande parte da sua vida; Pastelaria Mexicana, Praça de Londres- Local das primeiras reuniões do grupo surrealista de Lisboa a que pertencia; Estabelecimento Prisional de Caxias- Local onde esteve preso durante vinte e um dias; Caixa de Previdência dos Profissionais do Comércio-Local onde se tornou escriturário; Zona do Jardim do Príncipe Real- Local onde viveu durante a época do seu segundo divórcio; Depois do seu segundo divórcio O'Neill repartia o seu tempo entre a Rua da Escola Politécnica de Lisboa e a vila de Constância. Sítios relacionados com Alexandre O'Neill: Parque dos Poetas- Um grande parque urbano ...

Surrealismo, Publicidade e Outros

Publicidade A publicidade foi a maneira menos trabalhosa de ganhar o sustento que O'Neill encontrou. Esta é uma área que requer destreza e à vontade com as palavras, e nesse campo o poeta sentia-se confiante. Porém, não criou nenhuma afinidade com esta profissão. Criou apenas algumas frases publicitárias que ficaram na memória, como ''Há mar e mar, há ir e voltar'' que foi usado numa campanha de prevenção de afogamentos e que se tornou num provérbio. A publicidade deu-lhe o conforto económico que precisava, mas sempre que se cansava mudava de patrão e de agência publicitária. Grande parte dos slogans que criava eram rejeitados, pois muitas vezes acabavam por se transformar em sátiras. Dois exemplos de slogans rejeitados são: ''Vá de metro, Satanás'' e ''Com colchões Lusospuma você dá duas que parecem uma'' Surrealismo Em 1947 surgem duas cartas de Alexandre O'Neill que demonstram o seu interesse pelo movimento surrealist...

Um Adeus Português: Análise

''Um Adeus Português''  é conhecido por ser um dos poemas mais reconhecidos de Alexandre O'Neill e que lhe trouxe alguma notoriedade.  Publicado em 1958, no livro ''No Reino da Dinamarca'', este poema é marcado pela crítica ao regime do Estado Novo e ao ambiente persecutório e controlador que se vive em Portugal nesta época. Este poema tem um aspecto mais biográfico pois a sua inspiração vem de algo que aconteceu na vida do autor nos anos 50 : Alexandre O'Neill apaixonou-se por uma francesa chamada Nora Mitrani, e tinha como objectivo ir a Paris ter com ela mas um membro da sua família opunha-se à ida dele e pós uma cunha na policia politica para que o seu passaporte fosse negado.  Ele foi chamado à sede da polícia onde lhe perguntaram o porquê da sua viagem a França e se conhecia a senhora Mitrani, quando respondeu que a conhecia, o inspector que o estava a interrogar retorquiu que'' Se calhar V. quer ir porque essa gaja lhe meteu al...

Um Adeus Português: Poema

Um Adeus Português Nos teus olhos altamente perigosos  vigora ainda o mais rigoroso amor  a luz de ombros puros e a sombra de uma angústia já purificada Não tu não podias ficar presa comigo à roda em que apodreço apodrecemos a esta pata ensanguentada que vacila quase medita e avança mugindo pelo túnel de uma velha dor Não podias ficar nesta cadeira onde passo o dia burocrático o dia-a-dia da miséria que sobe aos olhos vem às mãos aos sorrisos ao amor mal soletrado à estupidez ao desespero sem boca ao medo perfilado à alegria sonâmbula à vírgula maníaca do modo funcionário de viver Não podias ficar nesta cama comigo em trânsito mortal até ao dia sórdido canino policial até ao dia que não vem da promessa puríssima da madrugada mas da miséria de uma noite gerada por um dia igual Não podias ficar presa comigo à pequena dor que cada um de nós traz docemente pela mão a esta dor portuguesa tão mansa quase ve...