''Um Adeus Português'' é conhecido por ser um dos poemas mais reconhecidos de Alexandre O'Neill e que lhe trouxe alguma notoriedade.
Publicado em 1958, no livro ''No Reino da Dinamarca'', este poema é marcado pela crítica ao regime do Estado Novo e ao ambiente persecutório e controlador que se vive em Portugal nesta época.
Determinantes: ''teus'' (v. 1), ''teu'' (v. 51) ;
Verbos: ''podias'' nos versos 5,12,22,30, ''mereces'' (v. 35), ''és'' nos versos 41 e 45, ''vives'' nos versos 45 e 47 e ''morres'' (v. 47).
É comprovado nos versos 5 e 30 através da palavra presa que o ''tu'' é uma mulher.
O sujeito poético e o ''tu'' têm uma relação amorosa intensa que inevitavelmente acaba com o afastamento e a despedida dos dois.
Este texto pode ser dividido em 3 partes: A primeira estrofe apresenta-nos o ''tu'' (mulher amada) e indica já a despedida e separação iminentes;
A segunda parte começa na estrofe 2 até à 7 e apresenta as várias razões pelas quais o sujeito poético e o ''tu'' não poderem ficar juntos;
Na última estrofe, dá-se a despedida e separação dos dois.
Para descrever o clima vivido em Portugal nesta época, o sujeito poético fala do conformismo dos portugueses, da repressão política, da miséria e burocracia e usa como comparação o ambiente nas touradas.
Alexandre O'Neill crítica o ambiente em Portugal nesta época ao compará-lo a uma tourada, isto pode ser encontrado nos versos 8 ao 11.
''Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor''
O sujeito poético não critica só o governo mas também o povo português e o facto destes se conformarem com o que têm, esta crítica pode ser encontrada nos vv. 31 ao 35 e dos vv. 38 ao 40.
''Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal''
''Não tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser''
Algumas das expressões que criticam a repressão política do Estado Novo podem ser encontradas no verso 19 '' ao medo perfilado'' e nos versos 23 ao 29.
E por fim, a última crítica feita pelo sujeito poético é à miséria e à burocracia em Portugal que pode ser encontrada desde o v. 12 ao v.21.
''Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia a dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver''
Em relação ao valor expressivo:
Publicado em 1958, no livro ''No Reino da Dinamarca'', este poema é marcado pela crítica ao regime do Estado Novo e ao ambiente persecutório e controlador que se vive em Portugal nesta época.
Este poema tem um aspecto mais biográfico pois a sua inspiração vem de algo que aconteceu na vida do autor nos anos 50 : Alexandre O'Neill apaixonou-se por uma francesa chamada Nora Mitrani, e tinha como objectivo ir a Paris ter com ela mas um membro da sua família opunha-se à ida dele e pós uma cunha na policia politica para que o seu passaporte fosse negado.
Ele foi chamado à sede da polícia onde lhe perguntaram o porquê da sua viagem a França e se conhecia a senhora Mitrani, quando respondeu que a conhecia, o inspector que o estava a interrogar retorquiu que'' Se calhar V. quer ir porque essa gaja lhe meteu alguma coisa na cachola'' a que O'Neill respondeu que Nora não era uma gaja e que ele não tinha cachola. Depois disso não conseguiu passaporte durante muitos anos.
Ele foi chamado à sede da polícia onde lhe perguntaram o porquê da sua viagem a França e se conhecia a senhora Mitrani, quando respondeu que a conhecia, o inspector que o estava a interrogar retorquiu que'' Se calhar V. quer ir porque essa gaja lhe meteu alguma coisa na cachola'' a que O'Neill respondeu que Nora não era uma gaja e que ele não tinha cachola. Depois disso não conseguiu passaporte durante muitos anos.
Quando Alexandre a foi procurar em Paris ela já tinha morrido, mas ele descobriu que ela chegou a ler o seu poema e que tinha ficado extremamente comovida.
Análise:
Ao longo do poema, o sujeito poético interpela insistentemente um ''tu'' isto é visível através dos pronomes ''tu'' nos versos 5,35,41,45, ''te'' (v. 52) e ''ti'' (v. 55) ;Determinantes: ''teus'' (v. 1), ''teu'' (v. 51) ;
Verbos: ''podias'' nos versos 5,12,22,30, ''mereces'' (v. 35), ''és'' nos versos 41 e 45, ''vives'' nos versos 45 e 47 e ''morres'' (v. 47).
É comprovado nos versos 5 e 30 através da palavra presa que o ''tu'' é uma mulher.
O sujeito poético e o ''tu'' têm uma relação amorosa intensa que inevitavelmente acaba com o afastamento e a despedida dos dois.
Este texto pode ser dividido em 3 partes: A primeira estrofe apresenta-nos o ''tu'' (mulher amada) e indica já a despedida e separação iminentes;
A segunda parte começa na estrofe 2 até à 7 e apresenta as várias razões pelas quais o sujeito poético e o ''tu'' não poderem ficar juntos;
Na última estrofe, dá-se a despedida e separação dos dois.
Para descrever o clima vivido em Portugal nesta época, o sujeito poético fala do conformismo dos portugueses, da repressão política, da miséria e burocracia e usa como comparação o ambiente nas touradas.
Alexandre O'Neill crítica o ambiente em Portugal nesta época ao compará-lo a uma tourada, isto pode ser encontrado nos versos 8 ao 11.
''Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor''
O sujeito poético não critica só o governo mas também o povo português e o facto destes se conformarem com o que têm, esta crítica pode ser encontrada nos vv. 31 ao 35 e dos vv. 38 ao 40.
''Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal''
''Não tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser''
Algumas das expressões que criticam a repressão política do Estado Novo podem ser encontradas no verso 19 '' ao medo perfilado'' e nos versos 23 ao 29.
''Não podias ficar nesta cama comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual''
E por fim, a última crítica feita pelo sujeito poético é à miséria e à burocracia em Portugal que pode ser encontrada desde o v. 12 ao v.21.
''Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia a dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver''
Em relação ao valor expressivo:
- Anáfora que introduz as estrofes 2,3,4 e 6: É iniciada por um advérbio de negação e serve para ilustrar os motivos que tornam o amor entre o sujeito poético e ''tu'' impossível;
- Enumeração gradativa presente na 3ª estrofe: Vai desde os aspectos positivos para os negativos, realçando a opressão da cidade;
- Acumulação de adjetivos na 4ª estrofe: Adjetivos com ''mortal'', ''sórdido'' e ''canino'' servem para acentuar clima de repressão vivido na cidade.
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