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Surrealismo, Publicidade e Outros

Publicidade

A publicidade foi a maneira menos trabalhosa de ganhar o sustento que O'Neill encontrou. Esta é uma área que requer destreza e à vontade com as palavras, e nesse campo o poeta sentia-se confiante.
Porém, não criou nenhuma afinidade com esta profissão. Criou apenas algumas frases publicitárias que ficaram na memória, como ''Há mar e mar, há ir e voltar'' que foi usado numa campanha de prevenção de afogamentos e que se tornou num provérbio.
A publicidade deu-lhe o conforto económico que precisava, mas sempre que se cansava mudava de patrão e de agência publicitária. Grande parte dos slogans que criava eram rejeitados, pois muitas vezes acabavam por se transformar em sátiras.
Dois exemplos de slogans rejeitados são: ''Vá de metro, Satanás'' e ''Com colchões Lusospuma você dá duas que parecem uma''

Surrealismo

Em 1947 surgem duas cartas de Alexandre O'Neill que demonstram o seu interesse pelo movimento surrealista.
O surrealismo é um movimento literário e artístico que procura ultrapassar o real a partir do impulso  psíquico do imaginário e do irracional.
Tem como características: 
  • A influência da psicanálise de Freud;
  • A retratação de um mundo alucinatório e inconsciente;
  • E o recurso à associação interpretativa dos fenómenos delirantes como alusão aos desejos reprimidos, aos sonhos e aos resíduos do passado. É possível identificar certos objetos, apesar de muito deformados e totalmente desinseridos da realidade. 
Por volta de 1948, O'Neill insere-se no Grupo Surrealista de Lisboa juntamente com 
  • Mário Cesariny, José-Augusto França, António Domingues, Fernando Azevedo, Moniz Pereira, António Pedro e Marcelino Vespeira;
  • O grupo era algo controverso devido à oposição à poesia neorrealista e sobretudo ao regime de Salazar;
  • Retiram a sua colaboração da III Exposição Geral de Artes Plásticas, por recusar a censura prévia que a comissão organizadora decidira impor.
Em 1949 tiveram lugar as principais manifestações do movimento surrealista em Portugal, como a Exposição do Grupo Surrealista de Lisboa. Nessa ocasião, Alexandre O'Neill publicou  ''A Ampola Miraculosa''. A obra é considerada paradigmática do surrealismo português.

Outros

  • Fez parte da redação da revista ''Almanaque'' (1959-1961), uma publicação ousada com grafismo de Sebastião Rodrigues e que contava com a colaboração de José Cardoso Pires, Luís de Sttau Monteiro, Augusto Abelaira e João Abel Manta;
  • Ajudou também a compor o fado ''A gaivota'', que é cantado por Amália Rodrigues, com música de Alain Oulman;
  • Em 1982, recebeu o prémio da Associação de Críticos Literários.
O'Neill tinha uma grande atração por outros meios de comunicação e nos anos 70, participou em programas de televisão, escreveu guiões de filmes e peças de teatro. Foi também critico de televisão sobre o pseudónimo de A.Jazente.
Foi Guionista em : 
  • 1962- Dom Roberto;
  • 1963- Pássaros de Asas Cortadas;
  • 1967- Sete Balas para Selma;
  • 1969- Águas Vivas;
  • 1970- A Grande Roda;
  • 1975- Schweik na Segunda Guerra Mundial (TV);
  • 1976- Cantigamente (3 episódios da série);
  • 1978- Nós por cá Todos Bem;
  • 1979- Ninguém (TV);
  • 1979- Lisboa (TV).
Foi Actor (Narrador):
  • 1933- Las Hurdes, tierra sin pan;
  • 1969- Águas Vivas;
  • 1971- Sever do Vouga, Uma Experiência;
  • 1976- Máscaras. 
Além das contribuições para estes meios de comunicação O'Neill também escreveu Prosa e Antologias e fez várias traduções.
A Gaivota

Informação e imagem retirada:

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