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A mostrar mensagens de fevereiro, 2019

Surrealismo, Publicidade e Outros

Publicidade A publicidade foi a maneira menos trabalhosa de ganhar o sustento que O'Neill encontrou. Esta é uma área que requer destreza e à vontade com as palavras, e nesse campo o poeta sentia-se confiante. Porém, não criou nenhuma afinidade com esta profissão. Criou apenas algumas frases publicitárias que ficaram na memória, como ''Há mar e mar, há ir e voltar'' que foi usado numa campanha de prevenção de afogamentos e que se tornou num provérbio. A publicidade deu-lhe o conforto económico que precisava, mas sempre que se cansava mudava de patrão e de agência publicitária. Grande parte dos slogans que criava eram rejeitados, pois muitas vezes acabavam por se transformar em sátiras. Dois exemplos de slogans rejeitados são: ''Vá de metro, Satanás'' e ''Com colchões Lusospuma você dá duas que parecem uma'' Surrealismo Em 1947 surgem duas cartas de Alexandre O'Neill que demonstram o seu interesse pelo movimento surrealist...

Um Adeus Português: Análise

''Um Adeus Português''  é conhecido por ser um dos poemas mais reconhecidos de Alexandre O'Neill e que lhe trouxe alguma notoriedade.  Publicado em 1958, no livro ''No Reino da Dinamarca'', este poema é marcado pela crítica ao regime do Estado Novo e ao ambiente persecutório e controlador que se vive em Portugal nesta época. Este poema tem um aspecto mais biográfico pois a sua inspiração vem de algo que aconteceu na vida do autor nos anos 50 : Alexandre O'Neill apaixonou-se por uma francesa chamada Nora Mitrani, e tinha como objectivo ir a Paris ter com ela mas um membro da sua família opunha-se à ida dele e pós uma cunha na policia politica para que o seu passaporte fosse negado.  Ele foi chamado à sede da polícia onde lhe perguntaram o porquê da sua viagem a França e se conhecia a senhora Mitrani, quando respondeu que a conhecia, o inspector que o estava a interrogar retorquiu que'' Se calhar V. quer ir porque essa gaja lhe meteu al...

Um Adeus Português: Poema

Um Adeus Português Nos teus olhos altamente perigosos  vigora ainda o mais rigoroso amor  a luz de ombros puros e a sombra de uma angústia já purificada Não tu não podias ficar presa comigo à roda em que apodreço apodrecemos a esta pata ensanguentada que vacila quase medita e avança mugindo pelo túnel de uma velha dor Não podias ficar nesta cadeira onde passo o dia burocrático o dia-a-dia da miséria que sobe aos olhos vem às mãos aos sorrisos ao amor mal soletrado à estupidez ao desespero sem boca ao medo perfilado à alegria sonâmbula à vírgula maníaca do modo funcionário de viver Não podias ficar nesta cama comigo em trânsito mortal até ao dia sórdido canino policial até ao dia que não vem da promessa puríssima da madrugada mas da miséria de uma noite gerada por um dia igual Não podias ficar presa comigo à pequena dor que cada um de nós traz docemente pela mão a esta dor portuguesa tão mansa quase ve...

Alexandre O'Neill- Vida e Obra

Biografia : Alexandre Manuel Vahia de Castro O'Neill de Bulhões:  Nasceu a 19 de Dezembro de 1924, Lisboa, Nº30 da Avenida Fontes Pereira de Melo; Era filho do bancário António Pereira de Eça O'Neill de Bulhões e da Maria da Gloria Vahia de Castro O'Neill de Bulhões; Era neto da escritora Maria O'Neill; Tinha descendência irlandesa; Aos 17 anos recebeu prémios literários no colégio Valsassina; Foi um dos fundadores do movimento surrealista de Lisboa; Foi nessa corrente que publicou a sua primeira obra " Ampola Miraculosa "; O poema que o tornou célebre foi '' Um Adeus Português''; É também o autor da frase publicitária tornada provérbio ''Há mar e mar, há ir e voltar'' Teve vários encontros com a PIDE por ser contra o regime de opressão imposta pelo Estado Novo; Durante o Estado Novo foi interrogado e preso pela PIDE durante 21 dias, e a partir daí passou a ser vigiado pela polícia do Estado; Casou-se com Noém...